Esse processo de reintegração deve durar, pelo menos, até o começo de 2021, segundo Duque, e tem potencial de manter o rendimento médio do trabalhador mais baixo. São pessoas com menor qualificação, menos experiência e, por isso, entram com uma renda menor, diz.
A previsão dele é que, ao fim dessa reincorporação, a renda passe a crescer a níveis mais elevados, de 2% a 3%. Não vamos ver uma melhora no nível da renda em 2020. Em 2021, podemos ver melhora mais expressiva. Depois disso, tudo vai depender da continuidade do processo de recuperação, diz.
Outro motivo para esperança é o aumento de vagas formais. O número de empregados com carteira de trabalho assinada chegou a 33,7 milhões no último trimestre do ano, uma alta de 1,8% frente ao período de julho a setembro.
Isso significa um acréscimo de 593 mil pessoas no mercado. Em relação aos três últimos meses de 2018, esse aumento foi ainda mais expressivo, de 2,2%, ou 726 mil pessoas a mais.
É importante ressaltar, no entanto, que o contingente de empregados formalizados ainda está cerca de 3 milhões inferior ao recorde da série inciada em 2012, alcançado em 2014, quando foram registrados 36,7 milhões de trabalhadores formais.
Dos grupos de atividades que tiveram aumentos no contingente de ocupados na comparação com o trimestre anterior, o IBGE destaca o setor de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (2,1%, ou mais 376 mil pessoas); alojamento e alimentação (3,3%, ou mais 179 mil pessoas); e outros serviços (3,0%, ou mais 151 mil pessoas).
A gente ainda não tinha visto um crescimento mais robusto das vagas formais no levantamento do IBGE, só no Caged, diz Duque.
Em 2019, o saldo de vagas registradas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, ficou em 644.079, o melhor resultado em seis anos.
Diferentemente dos dados do IBGE, que são mais amplos e vêm de uma pesquisa feita diretamente nos domicílios, o banco do Caged é alimentado mensalmente por informações dos estabelecimentos sobre contratos regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Um número que continua em nível recorde e que ajudou na queda da taxa de desemprego é o da informalidade. Ainda há mais de 38 milhões de pessoas em vagas informais no Brasil, ou 41,1% da força de trabalho.
O IBGE considera trabalhadores informais aqueles sem carteira, domésticos sem carteira, empregador sem CNPJ, conta própria sem CNPJ e trabalhador familiar auxiliar.
Costuma-se dizer que o emprego é o último vagão do trem da economia, devido ao descompasso entre atividade e a necessidade de contratações. Na primeira metade do ano passado, um em cada quatro desempregados procuravam se recolocar no mercado há mais de dois anos, segundo o IBGE.
Esse contingente chegou a 26,2% dos desempregados e foi o maior patamar para um trimestre desde 2012. Se a tendência positiva se confirmar, isso pode significar o fim da espera para muita gente.