Nenhuma caminhada começa sem a identificação de onde se encontra e dos objetivos que se pretende alcançar, não é? Esse é o mesmo espírito na utilização de dados dentro do varejo. A coleta de informações essenciais sobre a operação deve ser capaz de trazer uma análise descritiva do negócio como um todo, mostrando o desempenho e, principalmente, os pontos de melhoria que devem ser ajustados pelos gestores. Trata-se da primeira camada no planejamento estratégico. Os dados coletados e tratados aqui oferecem uma visão geral e podem ser considerados a base para qualquer iniciativa digital futura.
A partir do levantamento descritivo, fica mais fácil ir para o segundo passo: o diagnóstico. Nesta etapa, as informações devem ser capazes de revelar questões que impactam negativamente o desempenho de vendas, por exemplo. Aqui, diferentemente da descrição, o recomendado é aprofundar a análise em determinadas situações em vez de ter uma visão geral. Por exemplo: se a primeira etapa mostrou um volume baixo na conversão, agora é a hora de encontrar as causas para isso. Assim, mais do que ler os dados e levantar hipóteses, é preciso utilizar uma estrutura mais completa capaz de se cruzar com outras fontes para encontrar explicações.
De certa forma, os dois tópicos anteriores não são totalmente novos para os varejistas. Mesmo os gestores mais reticentes à tecnologia já sabiam da importância de identificar o cenário e diagnosticar problemas em seus processos internos é praticamente a base do empreendedorismo. A questão é que esse volume de dados digitais permite à empresa dar um passo a mais: prever demandas. Afinal, a partir do momento em que se tem informações históricas (necessárias para o primeiro passo) e os problemas já foram resolvidos (passo 2), é possível fazer projeções em cima dessas análises com outros indicadores, como sazonalidade, clima e características regionais. Dessa forma, o varejista realmente consegue precipitar momentos de maior pico, antecipar sua estratégia e garantir melhor performance.
É aqui que muitas vezes acontece um erro fatal: interromper a jornada por acreditar que a previsão é a última fronteira dos dados dentro da estratégia de negócio. Contudo, as análises realizadas anteriormente (descrição, diagnóstico e previsão) podem ser utilizadas de forma perene para que os gestores prescrevam um plano de trabalho contínuo para melhorar o desempenho e a rentabilidade do negócio.
É nesta etapa que ocorre a verdadeira tomada de decisão: quando líderes decidem o que deve ser feito e o que pode ser melhorado diante de tudo o que foi levantado anteriormente. O grande segredo é que não se trata de um único ciclo, mas de algo que vai girando todo o tempo, o que exige preparação e engajamento de todos os profissionais envolvidos para dar conta de um volume cada vez maior e mais constante de informações, finaliza Flávia Pini, CEO da FX Data Intelligence.