Representantes
da indústria, do comércio e do agronegócio acreditam que o reajuste da
tabela de frete em até 15% determinado pela Agência Nacional de
Transportes Terrestres, em vigor a partir de segunda-feira, terá impacto
imediato nos preços ao consumidor. Também se tornou obrigatório o
pagamento de frete de retorno para operações em que o caminhão volta
vazio.
O
reajuste da tabela de frete deve ter reflexo imediato nos preços dos
eletroeletrônicos", afirma José Jorge do Nascimento, presidente da
Eletros, associação que reúne a indústria do setor. Ele argumenta que no
caso da variação cambial, que impacta o custo dos eletroeletrônicos por
conta do uso de componentes importados, é possível postergar o aumento
de preços trabalhando com os estoques remanescentes. Mas quando envolve
frete, não tem saída.
Levantamento informal feito entre os
associados da entidade mostra que o frete para os fabricantes de
eletrônicos subiu entre 180% e 200% desde o início do tabelamento até
hoje, incluindo o reajuste de 15%.
O presidente da Eletros
também questiona o porcentual de reajuste. "Não sei de onde tiraram 15%:
a inflação está abaixo de 5%, a taxa Selic também está abaixo de 5%, o
IGP-M um pouco acima de 5% e as margens de lucro do setor produtivo
estão longe de 10%."
Ele afirma ainda que "o governo do
presidente Jair Bolsonaro, que veio com a proposta de ser mais liberal,
manteve o tabelamento do frete".
Ronaldo dos Santos, presidente
da Associação Paulista de Supermercados, também afirma ser contra o
tabelamento de preços. Segundo ele, se o reajuste da tabela for
efetivamente aplicado, acabará sendo repassado para os preços nos
supermercados.
O presidente da Associação dos Produtores de
Soja do Mato Grosso, Antonio Galvan, também diz que o seu setor é
totalmente contrário a qualquer tipo de tabelamento, inclusive do
produto agrícola. "Tabelamento do frete envolve custo para a sociedade
de uma maneira geral que o mercado não suporta e esse aumento de custo
vai estourar no consumidor não apenas no produtor rural", afirma.
Cabotagem
Galvan diz que o governo precisa mudar o modal de transporte e que não
tem lógica, no caso dos grãos, o custo do frete representar de duas a
três vezes o valor da carga. A colheita da soja já começou no Mato
Grosso. Mas a maior parte da safra sai do campo e será escoada pelas
rodovias até os portos no mês que vem.
Nascimento, da Eletros,
observa que o aumento da tabela do frete rodoviário tem reflexo maior
sobre as indústrias localizadas no Nordeste e no Sul do País. No caso
dos produtos fabricados na região Norte, na Zona Franca de Manaus, eles
são escoados em navios de cabotagem. "O temor é que o frete de cabotagem
suba, como em 2018, com a maior demanda." As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.