13/01/2020
Alimentos puxaram inflação em 2019 e sofrerão nova pressão em 2020
A inflação acelerou nos últimos
dois meses do ano passado, mas terminou 2019 na meta. A taxa de 4,31% é
bem próxima do objetivo do BC, que eram os 4,25%. O indicador caminhava
para terminar o ano bem mais baixo, mas as carnes deram impulso ao
índice de novembro em diante. Em dezembro, o IPCA ficou em 1,15%, o pior
resultado do ano e o mais alto para o mês desde 2002. Para 2020, a
escassez de milho deve atrapalhar.
No ano, as carnes subiram
32,4%, pelas contas do IBGE. Foi o impacto mais forte no índice e também
no bolso das famílias. As exportações da carne de boi saltaram com a
demanda maior da China, que foi às compras no Brasil após um surto de
peste suína por lá. O professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, explica
que o preço se aproximou do pico no fim de 2019. Em janeiro, a inflação
dos bovinos parou de subir. Isso ajuda o índice. Mas para o consumidor
continuará caro colocar carne no prato. O preço deve cair devagar ao
longo dos próximos meses.
O salto em um produto tão importante
provocou um resultado curioso. Em apenas três meses, o IPCA foi do ponto
mais baixo do ano para o centro da meta. Em outubro, o acumulado estava
em apenas 2,54%.
Para 2020, o candidato a vilão é o milho. Os
produtores de aves e porcos do Sul reclamam da escassez do cereal, que
compõe quase 70% da alimentação dos animais. Em um ano, o preço da saca
de 60 kg dobrou para mais de R$ 50. Essa pressão vai atingir o frango,
ovos e o porco. Esses produtos têm um peso menor que a carne bovina no
índice, mas a alta no custo dos alimentos sempre compromete o orçamento
das famílias.
O bom trabalho do BC nos últimos anos merece
destaque. A inflação baixa permitiu que, mesmo com um choque de preços
forte e concentrado em poucos meses, a taxa terminasse o ano dentro da
meta. A previsão é que o IPCA termine o ano em 3,60%, de acordo com o
relatório Focus.